Brasileiros aderem em massa à internet de alta velocidade, número de usuários triplica e empresas ganham um novo filão de oportunidades
11/06/2004 |
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MADEIRA, DO TERRA Liderança do mercado brasileiro com 600 mil clientes |
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A explosão da banda larga
Manoel Fernandes
Os ingleses querem um pedaço do novo eldorado tecnológico. No início do mês passado, o braço de telecomunicações do grupo British Gas, a Iqara Telecom, comprou a brasileira DirectNet, especializada em oferecer acesso de internet de alta velocidade em prédios residenciais nas maiores cidades do Estado de São Paulo. Os envolvidos não revelaram o valor do negócio, mas o objetivo da transação ficou bem claro: o interesse britânico de conquistar uma fatia do mercado de banda larga brasileiro. As estatísticas geradas pelos institutos de pesquisa indicam o surgimento de uma nova onda de oportunidades no mundo virtual. Nos últimos dois anos, o número de usuários residenciais de banda larga no País saltou de 1,3 milhão para os atuais 4,3 milhões. Somando as pessoas que acessam a rede nos seus escritórios, o total de brasileiros navegando em alta velocidade chega a 10 milhões. O preço também caiu. Há quatro anos custava em média R$ 250. Hoje está em R$ 70, incluindo o provedor de acesso. Uma queda de 72%. “É um novo patamar na internet”, afirma Fernando Madeira, presidente do provedor Terra. Metade dos 1,2 milhão de clientes da companhia já é de banda larga, que torna o provedor o líder desse mercado no País.
Foto: Ana Paula Paiva |
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OSVALDO BARBOSA, DO MSN: Messenger está em sete em cada dez PCs com acesso a rede |
Ao contrário dos primeiros anos da internet, quando o jogo foi disputado por empresas de tecnologia, a banda larga atrai um espectro mais diversificado de companhias e muda as regras dos atuais modelos de negócio para o mundo digital. Os usuários de banda larga são diferentes do restante dos internautas. Eles têm um poder de compra bem superior, são mais exigentes na qualidade dos serviços prestados e têm mais disposição para consumir. As operadoras de telefonia, por exemplo, avaliam que a banda larga pode abrir várias frentes de oportunidades além do tradicional serviço de voz. “Precisamos reinventar o nosso negócio”, diz Manoel Amorim, diretor-geral do grupo Telefônica. Dentro dessa nova perspectiva, a empresa negocia um acordo com a rede de locadoras Blockbuster. Após a implantação do projeto, os consumidores poderão assistir ao trailer dos filmes na rede e solicitar o aluguel da fita, que será entregue na casa do associado.
As campanhas publicitárias também mudam para atingir a turma da banda larga. Empresas como o banco Itaú e a montadora Renault já testaram uma nova tecnologia que permite transferir para a internet os comerciais exibidos na televisão. “É a mesma propaganda em duas mídias diferentes”, afirma Peter Lau, da Unicast, a companhia que trouxe para o Brasil a nova tecnologia publicitária. Segundo os dados do Ibope NetRatings, a banda larga é usada por 36% dos 12,26 milhões de brasileiros com acesso à rede. Ao contrário de quem utiliza o modo tradicional por linha telefônica, a turma da internet veloz tem hábitos bem diferenciados. O principal deles é o tempo que permanece conectado. São quase 22 horas de navegação contra 8 horas de quem usa a linha telefônica. Também gostam de comprar. Na Europa, os usuários de banda larga gastam em compras on-line duas vezes mais que os internautas comuns. No Brasil, o movimento do comércio eletrônico surpreendeu no ano passado. Com ajuda da banda larga, as vendas ultrapassaram R$ 1 bilhão, cerca de 40% superior a 2002. Para este ano, a expectativa é chegar a R$ 1,6 bilhão. “Há uma sede de consumo pela alta velocidade”, diz o diretor do Ibope NetRatings, Marcelo Coutinho. Pesquisa do instituto mostra que 29% dos usuários da internet lenta querem migrar para a banda larga nos próximos 12 meses.
Audiência. Quem sabe como atender essa demanda tem uma rodovia pavimentada pela frente. É o caso do portal MSN, da Microsoft, dono da maior audiência da internet brasileira. Seu grande negócio é o software de comunicação instantânea Messenger, que permite conversas em tempo real para os internautas. Sete em cada dez pessoas com acesso à internet no País tem o programa funcionando em seus PCs. “Nesse mundo da velocidade, o Messenger é um instrumento de comunicação poderoso porque é possível trocar arquivos, imagens, vídeos e até conversar ao telefone”, diz Osvaldo Barbosa, diretor do MSN.
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OS NÚMEROS DO ELDORADO
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Fonte : Revista IstoÉ Dinheiro